Ausência.

Há tempos não escrevo. Não surgiu nenhum motivo, como se precisasse de algum motivo pra escrever algo. Desculpinha esfarrapada para quem não tem mais sobre o que escrever. Aliás, ter lógicamente tem, mas não costumo escrever o que não sinto. Não sinto vontade de matar alguém, ou alguma indignação com o estado. Não ouço passarinhos cantarolando, não sonho acordada, nem suspiro pelos cantos. Não sofro por ninguém, nem morreria, nem mataria, por alguém que fosse. O que me incomoda é não sentir nada. É sentir o 'não sentir'. Desfrutar do vazio, do profundo vazio de viver um momento insípido . Não tenho nada de interessante pra lhes contar, por meio desta apenas estou relatando como é vivenciar o nada. Triste, não ter sobre ou pra quem escrever. Triste mesmo, não ter em quem se pensar. Não há quem negue que é tão gostoso pensar nas inumeras possibilidades de momentos com 'ele', mas e se não há ele? Penso em nada. Ou até penso no que pensar, busco em mim e não encontro. É como se não tivesse um presente, é como vivenciar um passado intocável ou um futuro inexistente, é imaginar ás vezes antes de dormir, o que poderia ter acontecido se tivesse agido de tal forma ou fantasiar alguém surgindo amanhã, depois, talvez nunca. Uma época de auto-entendimento, se não há quem pensar, penso em mim. Penso no que posso mudar, pensar no que pode permanecer. Permanece a solidão, digo ás vezes em voz alta. Mas logo dou risada, pois nada dura pra sempre, assim como o amor passa, a ausência dele também. Respiro fundo, é apenas uma espera, pode até ser longa, mas é apenas uma espera.

Sayuri.